top of page

A necessidade de falar, se ouvir e ser ouvido.

  • Adriana Correia Alves
  • 21 de abr. de 2017
  • 5 min de leitura

Mãos amigas

“ Eu tento falar, mas por vezes, ninguém me ouve. Às vezes me calo, me sinto impotente, incompetente e em muitas situações, me calo para não me sentir rejeitado(a) e assim, acabo passando a impressão de uma pessoa permissiva. Isto me sufoca! É um grito mudo! Dói demais....”


Pensar e refletir sobre a importância que tem a nossa voz. Sim, nossa voz! Não somente no sentido físico, de poder falar para se comunicar, mas no sentido de que, percebemos em nosso dia a dia, que as pessoas falam e elas próprias não se ouvem. Que elas falam para os outros e não conseguem ser compreendidas e sendo assim, pela frustração, esta pessoa se cala, simplesmente, se sentindo angustiado(a), impotente, incompetente ou mesmo, se sentindo menosprezado(a). É um grito mudo, a sensação de gritar e ninguém escutar ou dar atenção ao que para nós tem tanta importância. É difícil saber lidar com isso e percebemos isso através de um dos sintomas mais típicos, que é o embotamento, que pode ser visto como timidez, depressão, falta de interesse e motivação.

Quando somos crianças, geramos ansiedade aos outros, porque querem ouvir nossas primeiras palavras, a nossa forma de expressar: “estou com fome”, “estou com sede”, “estou com frio”, que são nossas necessidades fisiológicas e biológicas. Com isso vem a demonstração de afetividade, onde cada pessoa quer pertencer ao mundo do bebê e aí, surgem as demonstrações: “mamãe, colo”, “ papai é meu”, “ quero a mamãe”, entre outras falas, que vão demonstrar que a criança está desenvolvendo vínculos afetivos, primeiramente com os pais e posteriormente com o mundo.

Com o passar do tempo, já na fase escolar, por exemplo, esperamos a sua interação com as demais pessoas – sejam elas os professores, os amiguinhos, ou seja, ela agora, deixa de pertencer somente ao seu núcleo familiar para conhecer outras realidades, outros tipos de expressões, falas, costumes e culturas. Então é aí que pretendia chegar.

Com a correria do dia a dia, os pais muitas vezes tão preocupados em dar o sustento, um bom estudo, boas roupas, passeios diversos, dentre outras possibilidades, que esquecem que a criança precisa primeiramente se sentir acolhida, percebida e escutada. Sim, escutada!

O que identificamos é que as crianças perderam este espaço, que é importantíssimo para a conquista de sua auto confiança, auto estima. É mais fácil sim, ditar regras, permitir ou proibir, mas explicar, dialogar, escutar o que esta “outra pessoa” tem a dizer é mais difícil, e isso independe da idade. Afinal, estamos falando de experiências de vida que esta “pessoa” ainda não tem e talvez “ela nem vá entender” ou pior ainda, com esta atitude, ela posteriormente não consiga desenvolver adequadamente o “questionar”, “argumentar”.

Percebemos em consultório, pais que afirmam ter diálogo com seus filhos e que mesmo assim, seu filho(a) está rebelde, não “obedece”, está se fechando, etc. E quando ouvimos os dois lados juntos, pais e filhos, percebemos que por trás deste diálogo existem as imposições: “eu te escuto, desde que você concorde com nossas pontuações” e assim, esta pessoa – que aqui pode ser criança, adolescente (principalmente), pela impotência de não ser escutada (ela não tem espaço de fala e escuta), se fecha ou se rebela de vez. Com esta situação, o resultado é o crescimento e desenvolvimento de pessoas angustiadas, que não conseguem ter relacionamentos de amizades, afetividades, e a partir de então, a necessidade de se conhecer e se reconhecer (identificação) com grupos vai se perdendo, ou seja, ela não consegue se identificar com grupo algum, porque ela não consegue ter acesso a grupos por acreditar estar errada e não ter voz de fala e escuta, fica perdida. Busca a identificação e não consegue.

De acordo com a teoria das necessidades humanas de Maslow (1908-1970), as necessidades humanas podem ser agrupadas em cinco níveis:

Necessidades Biológicas – são as necessidades mais básicas da vida (comida, água, ar, sexo, etc) e não satisfazer essas necessidades nos causa desconforto, nos deixa mal, com medo e até doentes. É a necessidade de manter o equilíbrio interno, e quando conseguimos, aí sim, passamos a nos preocupar com outras coisas.

Necessidade de segurança – É a busca de abrigo, segurança, refúgio, proteção, estabilidade e continuidade. A segurança poderá ser encontrada, talvez não em sua plenitude, através da religião, dos vínculos familiares, entre outros.

Necessidades de amor e pertencimento – o ser humano tem a necessidade de ser aceito pelos outros. Queremos nos sentir necessários para a vida de outras pessoas ou grupos, sejam estes grupos familiares, de trabalho, escola, religioso, entre outros.

Necessidades de “status” ou de estima – esta necessidade se refere a necessidade que as pessoas tem de se sentir útil, de reconhecimento, obter aprovação, se sentir competente. A estima se divide em autoestima, que envolve a competência de ser a pessoa que é, gostar de si, acreditar em si e se dar valor; e a hetero-estima, que se refere a atenção, reconhecimento e valor que o outro dá para esta pessoa.

Necessidade de auto realização – é a realização que a pessoa busca através de seu potencial, que é único. Pode ser através de conhecimentos, experiências, estética, metafísica ou mesmo a busca de Deus.

... à medida que os aspectos básicos que formam a qualidade de vida são preenchidos, podem deslocar seu desejo para aspirações cada vez mais elevadas." ( Maslow)

Após esta demonstração, é possível perceber que as necessidades humanas conversam entre si e que é uma necessidade o relacionar-se, ser respeitado pelas suas capacidades, competências e habilidades desenvolvidas, auto e hetero estima. Mencionamos aqui relações pais e filhos, mas isso se estende a casais que não conseguem se expressar, nos quais um assume um papel mais ativo e o outro mais passivo para evitar conflitos e manter a relação (independentemente do motivo), de professores que estão na escola, na sala de aula e não conseguem perceber quando situações prejudiciais ao rendimento escolar acontecem e assim por diante.

Todos nós precisamos falar, conseguir escutar nossa própria voz para elaborar nossos pensamentos e sentimentos, precisamos acreditar que ao falarmos o outro irá nos escutar e que se não formos claros, seremos questionados e teremos direito à argumentações.

Pensem bem: você fala o que pensa? Você consegue se escutar? Você, em suas relações consegue se expor e tem espaço de escuta? Ao ser contrariado, consegue espaço para argumentar e tentar ser entendido?

Na psicoterapia conseguimos este espaço, onde o indivíduo tem espaço de fala, de escuta e de argumentações. Ele tem espaço para se posicionar e entender sua fala e ainda, a elaborar suas falhas em se expressar diante do outro. Trabalhando as questões apontadas por Maslow, respeitando a necessidade individual do indivíduo, conseguimos ajudar o indivíduo a se conhecer melhor, entender seus desejos e necessidades e ainda, a lidar com as frustrações, ajudando-o a superar perdas e a lutar por novas oportunidades.

 
 
 

Commenti


Posts Em Destaque
Posts Recentes
Arquivo
Procurar por tags
Siga
  • Facebook Basic Square
  • Twitter Basic Square
  • Google+ Basic Square
  • Facebook Social Icon
  • Google+ Social Icon

© 2017 por George Claudio. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page