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Orientação sexual e identidade de gênero.

  • George V.C.Claudio
  • 21 de abr. de 2017
  • 4 min de leitura

Ao longo dos anos percebemos grandes mudanças em comportamentos que vem sendo evidenciados pela mídia, e por essa razão, resolvemos escrever um breve texto sobre sexualidade, orientação sexual e identidade de gênero. A importância em abordar tal assunto se deve ao fato de o individuo enfrentar o sofrimento e angústia sem encontrar o acolhimento necessário por parte de seus familiares, que muitas vezes por não ter conhecimento ou mesmo nunca ter se questionado sobre tais questões, pode rotular, discriminar e excluir um familiar querido acreditando ser essa a forma mais assertiva, o que, em geral, ocasiona outros sofrimentos, além dos já enfrentados pela pessoa.

Antes de falarmos sobre a sexualidade, é necessário que façamos uma explicação sobre o que é ou não um transtorno psiquiátrico, e a partir daí continuarmos com a sexualidade: De acordo com o DSM (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), transtornos mentais podem ser definidos basicamente como padrões psicológicos ou de comportamento, que ocasionem sofrimento ou incapacitação ao indivíduo, excluindo-se situações onde o comportamento é previsível (tristeza após morte de um familiar, por exemplo), e também de comportamentos desviantes entre um indivíduo e uma sociedade.

O ponto inicial para que comecemos a falar sobre a sexualidade e suas orientações (no sentido de auto-orientação, e não que alguém necessite ser orientado a sentir desejo por um ou outro sexo), é que a sexualidade é compreendida pela psicologia, medicina e psiquiatria como múltiplas e diversas manifestações dos desejos humanos, que são parte constituinte de cada ser humano, e desse modo, todas as orientações sexuais (heterossexual, bissexual, homossexual), independente se o indivíduo possui vida sexual ativa ou não, são consideradas como formas através das quais cada indivíduo vive e constrói suas relações com as outras pessoas e sentimentos. Nesse sentido, todas as orientações são normais, não havendo uma ou outra que seja considerada doença e que receba algum tipo de tratamento.

Após essas definições, o DMS classifica a homossexualidade como a atração ou desejo sexual de um indivíduo por outro do mesmo sexo, relatando sua descrição desde os primórdios da história da humanidade, mesmo nunca tendo sido predominante em alguma sociedade, sendo que as reações das sociedades variam de sua aceitação plena ou a condenação por pena de morte.

Por não se tratar de doença, a homossexualidade não requer tratamento, sendo que quando atendemos um indivíduo homossexual, nosso trabalho é voltado para a melhoria da qualidade de vida, que é normalmente prejudicada por dificuldades familiares e sociais, visto que o indivíduo homossexual ao não ser respeitado pelo outro, principalmente familiar, passa a experimentar sofrimento, angústia, isolamento, perda de desejo de viver, entre outros. É importante destacar que mesmo os indivíduos que chegam ao consultório e que em suas falas relatam que desejam "deixar" de serem homossexuais, normalmente o fazem por prejuízos familiares e sociais, e não porque o desejo que sentem gere sofrimentos.

Já a identidade sexual, classificada no DSM como Disforia de Gênero ou Disforia sexual, é caracterizada pela forte e persistente identificação com o gênero oposto ao seu gênero de nascimento, que consequentemente origina descontentamento com seus órgãos sexuais e caracteres sexuais primários/secundários, e também com o papel social que se espera desse individuo por ter nascido com determinado órgão. De uma forma mais simples, isso quer dizer que identidade de gênero é a noção interna que cada um de nós tem de: sou homem/ sou mulher. Dito dessa forma, não se trata de dizermos que seriam gays afeminados que se acreditam mulheres, ou mulheres masculinizadas que acreditam ser homens: ambos são respectivamente mulheres e homens, independente do sexo com o qual nasceram. Por serem mulheres e homens, pode-se imaginar o sofrimento que vivem ao se verem diariamente com um sexo que não lhes pertence, que não é e não será capaz de proporcionar uma existência satisfatória, roupas, nomes, calçados, cortes de cabelos e todo o restante, escolhidos e determinados por outras pessoas, independente de classe social ou posses financeiras, enquanto que as outras pessoas que se identificam com o sexo com o qual nasceram biologicamente escolhem e podem usar, e dessa forma experimentam liberdade que nunca será sentida por esse indivíduo na situação com a qual nasceu biologicamente.

Para as situações mencionadas como sofrimento acima, acrescentam-se outras: não aceitação da forma como se veem por pais, colegas, professores, futuramente chefes e outros. Por sentirem-se inadequados, muitos indivíduos transexuais passam então a apresentar isolamento, depressão, distúrbios alimentares, distúrbios de sono, mutilações com o objetivo de modificar suas características físicas, abandono de estudos (que futuramente implicará em não obter condições de sobrevivência), tentativas de suicídio, entre outros.

Exclui-se da disforia sexual os casos em que o indivíduo nasce com os dois sexos anatômicos (intersexo), e também os casos psicóticos, nos quais o indivíduo tem delírios ou alucinações acerca de seu sexo, normalmente acompanhados por outros delírios e alucinações.

É importante mencionar que a identificação com o gênero independe do desejo (orientação) sexual, o que quer dizer em outras palavras que, o indivíduo pode nascer e se identificar com o sexo de nascimento, sentir desejo pelo sexo oposto, pelo mesmo sexo, por ambos os sexos, ou por nenhum sexo, e de forma idêntica o indivíduo pode ser transexual (nascer homem e se perceber mulher, ou nascer mulher e se perceber como homem), e sentir desejo por um, por outro, por ambos ou ainda por nenhum sexo.

Diante de tal situação, o tratamento para a disforia de gênero é basicamente o acompanhamento psiquiátrico e psicológico pelo período de dois anos, durante os quais o indivíduo será também acompanhado por uma equipe multidisciplinar composta por outros profissionais que iniciarão o tratamento hormonal, acompanhamento com fonoaudiólogos, entre outros, e ao final desse período então obterá o laudo, que possibilitará que seja feita a transição para o gênero com o qual o indivíduo se identifica e posteriormente a alteração de seus documentos.

O tratamento mencionado acima não é um tratamento único, podendo variar em tempo ou procedimentos de acordo com cada caso, porém os casos de disforia só conquistam melhoria em qualidade de vida através de todo esse procedimento.

Nesse sentido, o tratamento psicológico tem como objetivo auxiliar o indivíduo durante as etapas do processo, auxiliar seus familiares quando presentes a lidar com essas questões de maneira mais assertiva, elaborar os sofrimentos experimentados antes do início do processo, entre outras possibilidades.

Identidade de gênero e orientação sexual definições

 
 
 

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